Desde os primórdios da civilização, o ato de se alimentar ultrapassa a função de sustento e nutrição, e ocupa um lugar sagrado, sendo uma das primeiras expressões da cultura humana, como um símbolo de identidade. Enquanto os povos ancestrais compartilhavam alimento assado ao redor do fogo, nascia não apenas uma refeição, mas a própria socialização e racionalização do ato de comer — um momento que unia e estimulava a comunicação.

O domínio do fogo, há cerca de 1,5 milhão de anos, foi um marco decisivo para o desenvolvimento cognitivo: ao cozinhar alimentos, o homem pré-histórico tornou o alimento mais seguro e digestivo, proporcionou a liberação extra de energia e nutrientes e atrofiou as mandíbulas ancestrais. Segundo o primatologista Richard Wrangham, de Harvard, a descoberta do fogo permitiu um desenvolvimento cerebral acelerado.

Milhares de anos depois, houve a Revolução Neolítica (10.000 a.C.), quando a humanidade deu outro passo crucial ao domesticar plantas e animais, estabilizando sua dieta com cereais, legumes e laticínios, e transformando a gastronomia no alicerce das primeiras sociedades. Assim, cada avanço na forma de preparar e consumir alimentos reflete não apenas nossa sobrevivência, mas nossa capacidade de inovar, criar e, acima de tudo, compartilhar histórias.

- Primeiro restaurante​